domingo, 19 de julho de 2009

PERMITA-SE OUVIR


É preciso saber ouvir mais com o coração do que com os ouvidos.
O coração possui canais auditivos bem mais sensíveis e dispostos a ouvir e entender.
É preciso saber ouvir as palavras entreditas, mais do que as que foram claramente ditas.
Ouvir as palavras que restam na penumbra.
Ouvir não só os lábios, mas os olhos, os gestos, os passos - que falam muito, e falam sempre.
Sábios são os que não ouvem só com os ouvidos.
Felizes são os que podem contar com quem não tem só ouvidos para ouvir.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

O Câncer e seu Ecoar Sistêmico

O câncer é atualmente a segunda causa de mortalidade no mundo(1), diante desse fato são realizados pesquisas visando à prevenção e o seu tratamento. Partindo do pressuposto que o câncer é uma doença sistêmica há uma necessidade de buscarmos além do tratamento oncológico, oferecer um suporte emocional tanto para o paciente quanto para a família. Defrontar-se com paciente oncológico exige uma reformulação de condutas exercidas pelos seus membros familiares. Uma vez que, a doença apresenta-se de fato, como um acontecimento impactante que pode ameaçar, modificar ou transformar totalmente, e por vezes, de forma irreversível, a vida pessoal e coletiva das pessoas da família principalmente em momentos como: comunicação diagnóstica, processo de hospitalização, intercorrências, recidivas da doença e outros - período estes que no seu conjunto tem sido chamado, na literatura, de "a jornada do câncer". Além disso, o impacto provocado na família pela situação da doença depende, o fato da doença ser de curta duração ou evolução progressiva, gerando uma crescente tensão no que se refere à exaustão e ao acúmulo de tarefas. Desse modo, instala-se um círculo vicioso; ao afetar o paciente, o câncer afeta a família, que por sua vez, ao ser afetada influencia na reabilitação do paciente.
Neste contexto, surge o cuidador principal, pessoa responsável por auxiliar o paciente dependente no seu dia-a dia, entre outras tarefas, e, em geral, o cuidador é proveniente do próprio núcleo familiar.
Em um estudo de famílias de pacientes oncológicos(2) foi percebido que a escolha do cuidador não costuma ser ao acaso e que a opção pelos cuidadores nem sempre é do cuidador, mas, muitas vezes, expressão de um desejo do próprio paciente. Em geral, o cuidador passa a assumir múltiplas funções, tornando-se o cuidador único, eventualmente, auxiliado em tarefas menores por outros membros da família. Logo, seu múltiplo desempenho passa a ter reflexos em sua vida, que se manifestam através de sinais e sintomas físicos e psíquicos(3,7,8).
Na literatura alguns estudos confirmam essa sobrecarga que o cuidador possui com sua estafante e estressante atividade de cuidados diários e ininterruptos. Talvez este seja um dos aspectos mais bem registrados com relação ao cuidador familiar, tanto no campo oncológico, quanto em outros campos dos cuidados em longo prazo. Há um número significativo de trabalhos relacionando a deterioração da saúde e adoecimento do cuidador, com uma maior carga de estresse(6,8,9); perda do emprego, e perda do poder aquisitivo para a família com o passar do tempo(6,9). Em relação ao comprometimento psicossocial na vida do cuidador, há numerosos estudos que identificaram casos de depressão(4,3,7)onde há principalmente dependência crescente do paciente e a presença de sintomas não controlados , distúrbios do sono(2), medo, maior uso de psicotrópicos(7), ruptura de vínculos, isolamento, solidão, diminuição da participação social (5,7)(, menos satisfação com a vida(10). Todos esses estudos denotam e confirmam a real necessidade da dinâmica familiar também ser considerada objeto de interesse da psico-oncologia, que por sua vez, visa promover a saúde mental da mesma contribuindo assim, para o restabelecimento e a preservação do equilíbrio bio-psico-social de quem cuida, envolvendo de forma sistêmica aquele que é cuidado.

* Por Dra. Renata Schittini – Artigo publicado na Revista Periódico Científico Mai/09

Referências bibliográficas:

1. Estimativa 2008: incidência de câncer no Brasil. Disponível em http//www.inca.gov.br

2. WENNMAN-LARSEN, A.; TISHELMAN, C. Advanced home care for cancer patients at the end of life: a qualitative study of hopes and expectations of family caregivers. Scandinavian Journal of Caring Sciences, Sweden, v. 16, n. 3, p. 240-247, 2002.

3. Kurtz ME, Kurtz JC, Given CW, Given B. Relationship of caregiver reactions and depression to cancer patients symptons,functional states and depression a longitudional view. Soc SciMed 1995; 40(6): 837-46.


4.Thomas C, Morris M. Informal cares in cancer contexts .Eur J Cancer Care 2002; 11:178-82.


5. Neri AL. Bem-estar e estresse em familiares que cuidam de idosos fragilizados e de alta dependência. In: Neri AL, organizador. Qualidade de vida e idade madura. Campinas: Papirus Editora; 2000. p. 237-85.

6.Covinsky KE, Goldman L, Cook F, Oye R, Desbiens N, Reding D, Fulkerson MD, et al. The impact of serious illness on patients' families.

7 JAMA 1994; 272 (23): 1839-44. Emanuel EJ, Fairclough DL, Slutsman J, Alperth H, Ballawin D, Emanuel LL. Assitance from family members, friends, paid givers,and volunteers in the care of terminally patients


8 Neri AL, Carvalho VAML. O bem-estar do Cuidador: aspectos psicossociais. In: Freitas EV, Py L, Neri AL, Cançado FAX, Gorzoni ML, Rocha SM. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan; 2002. p. 778-90.

9 Schachter S. Quality of life for families in the management of home care patients with advanced cancer. J Palliative Care 1992; 8(3): 61-6.

10 Schulz R, Beach SR, Lind B, Martire LM, Zdaniuk B, Hirsch C,Jackson S, Burton L. Involvement in caregiving and adjustment to death of a spouse: findings from the caregiver Health Effects Study. JAMA 2001; 285(24): 3123-9.




segunda-feira, 6 de julho de 2009

Refletindo...

"(...)Talvez tenha me tornado mais atenta àqueles que me cercam, consciente de que nem sempre os terei perto de mim, desejosa de conhecê-los e de contribuir, quanto possa, para que se tornem o que foram chamados a ser."

M. Hennezel

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Janelas Abertas

Todas as manhãs as pessoas se defrontam, diante do espelho, com duas imagens: A que de fato está refletida; e a que é apenas sentida. A fusão das duas definem o Eu de cada um.

É justamente a imagem mental que cada um tem de si que interessa aos psicanalistas/psicólogos.

Nesse sentido podemos dizer que, o corpo tornou-se via régia para o inconsciente.

Vou mais além....a gente ver o que quer ver e escuta o que queremos escutar!

Inicio meu blog deixando essas poucas palavras, porém altamente significantes. Seja bem-vindo Sempre!