segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Nos limitamos...

Somos limitados por tudo que não sentimos!
                          por tudo que não vemos!
                          por tudo que não escutamos!
                          por tudo que não conseguimos tocar!
Lembrando que temos o livre-arbítrio sempre!!!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A falta x O excesso

   Na concepção psicanalítica das origens existe o excesso e algo para sempre perdido. No
caso deste último trata-se de um objeto, que é continuamente recriado no mundo representacional,
mas para sempre buscado em sua plenitude. Esse movimento torna-se matriz do desejo que aponta,
como uma bússula, para realizações sempre parciais. Em sua forma completa, inteira, embora
sempre procurada, esse pedaço do paraíso se mantém, entretanto inatingível.
Assim o que acontece na psicanálise é que o indivíduo revisita o seu passado, para criar maior
autonomia para o futuro.
Pobre indivíduo autônomo! numa sociedade imperfeita e contraditória, dele se espera uma
funcionamento perfeito e integrado e principalmente, se autônomo mesmo, que seja capaz de regular
seus próprios impulsos para não deslizar para a compulsão e o fundamentalismo.
Mas o que nos informa a clínica atual? Como já foi fartamente discutido, a contemporaneidade, tem
como exigência uma forma de ser fragmentada, provisória e contingente, propiciadora da
constituição de patologias do eu ou do narcisismo.
O ponto comum que encontro em meu cotidiano clínico constituídos por pacientes fóbicos,
anoréticos, normóticos, compulsivos que correm atrás de “adrenalina existencial”, de subjetividades
que vivem intensamente o sexo frente à tela do computador ou àquelas presas masoquisticamente a
valores fúteis e/ou ideais acachapantes de casamento, amor, sucesso ou felicidade, é a figura cruel do Superego.
E o homen segue buscando e bancando sua angústia...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Família

Queridos,

Compartilho com vocês esse texto espetacular sobre a família, instituição fundamental em nossas vidas, e que de alguma forma faz toda a diferença principalmente nas datas comemorativas de final de ano. Seja ela a família biológica,  a família que construímos ou até mesmo a família que escolhemos.
"Família é prato difícil de preparar"

(de "O Arroz de Palma", de Francisco Azevedo)


    Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema, principalmente no Natal e no Ano Novo. Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência. Não é para qualquer um. Os truques, os segredos, o imprevisível. Às vezes, dá até vontade de desistir. Preferimos o desconforto do estômago vazio. Vêm a preguiça, a conhecida falta de imaginação sobre o que se vai comer e aquele fastio. Mas a vida, (azeitona verde no palito) sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite. O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares. Súbito, feito milagre, a família está servida. Fulana sai a mais inteligente de todas. Beltrano veio no ponto, é o mais brincalhão e comunicativo, unanimidade. Sicrano, quem diria? Solou, endureceu, murchou antes do tempo. Este é o mais gordo, generoso, farto, abundante. Aquele o que surpreendeu e foi morar longe. Ela, a mais apaixonada. A outra, a mais consistente.
    E você? É, você mesmo, que me lê os pensamentos e veio aqui me fazer companhia. Como saiu no álbum de retratos? O mais prático e objetivo? A mais sentimental? A mais prestativa? O que nunca quis nada com o trabalho? Seja quem for, não fique aí reclamando do gênero e do grau comparativo. Reúna essas tantas afinidades e antipatias que fazem parte da sua vida. Não há pressa. Eu espero. Já estão aí? Todas? Ótimo.    Agora, ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais afiada e tome alguns cuidados. Logo, logo, você também estará cheirando a alho e cebola. Não se envergonhe de chorar. Família é prato que emociona. E a gente chora mesmo. De alegria, de raiva ou de tristeza.
    Primeiro cuidado: temperos exóticos alteram o sabor do parentesco. Mas, se misturadas com delicadeza, estas especiarias, que quase sempre vêm da África e do Oriente e nos parecem estranhas ao paladar tornam a família muito mais colorida, interessante e saborosa.

    Atenção também com os pesos e as medidas. Uma pitada a mais disso ou daquilo e, pronto, é um verdadeiro desastre. Família é prato extremamente sensível. Tudo tem de ser muito bem pesado, muito bem medido. Outra coisa: é preciso ter boa mão, ser profissional. Principalmente na hora que se decide meter a colher. Saber meter a colher é verdadeira arte. Uma grande amiga minha desandou a receita de toda a família, só porque meteu a colher na hora errada.
    O pior é que ainda tem gente que acredita na receita da família perfeita. Bobagem. Tudo ilusão. Não existe Família à Oswaldo Aranha; Família à Rossini; Família à Belle Meunière; Família ao Molho Pardo, em que o sangue é fundamental para o preparo da iguaria. Família é afinidade, é “à Moda da Casa”. E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito.
    Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras apimentadíssimas. Há também as que não têm gosto de nada, seriam assim um tipo de Família Dieta, que você suporta só para manter a linha. Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo. Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir.
      Enfim, receita de família não se copia, se inventa. A gente vai aprendendo aos poucos, improvisando e transmitindo o que sabe no dia a dia. A gente cata um registro ali, de alguém que sabe e conta, e outro aqui, que ficou no pedaço de papel. Muita coisa se perde na lembrança. Principalmente na cabeça de um velho já meio caduco como eu. O que este veterano cozinheiro pode dizer é que, por mais sem graça, por pior que seja o paladar, família é prato que você tem que experimentar e comer. Se puder saborear, saboreie. Não ligue para etiquetas. Passe o pão naquele molhinho que ficou na porcelana, na louça, no alumínio ou no barro. Aproveite ao máximo. Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete.