Na concepção psicanalítica das origens existe o excesso e algo para sempre perdido. No
caso deste último trata-se de um objeto, que é continuamente recriado no mundo representacional,
mas para sempre buscado em sua plenitude. Esse movimento torna-se matriz do desejo que aponta,
como uma bússula, para realizações sempre parciais. Em sua forma completa, inteira, embora
sempre procurada, esse pedaço do paraíso se mantém, entretanto inatingível.
Assim o que acontece na psicanálise é que o indivíduo revisita o seu passado, para criar maior
autonomia para o futuro.
Pobre indivíduo autônomo! numa sociedade imperfeita e contraditória, dele se espera uma
funcionamento perfeito e integrado e principalmente, se autônomo mesmo, que seja capaz de regular
seus próprios impulsos para não deslizar para a compulsão e o fundamentalismo.
Mas o que nos informa a clínica atual? Como já foi fartamente discutido, a contemporaneidade, tem
como exigência uma forma de ser fragmentada, provisória e contingente, propiciadora da
constituição de patologias do eu ou do narcisismo.
O ponto comum que encontro em meu cotidiano clínico constituídos por pacientes fóbicos,
anoréticos, normóticos, compulsivos que correm atrás de “adrenalina existencial”, de subjetividades
que vivem intensamente o sexo frente à tela do computador ou àquelas presas masoquisticamente a
valores fúteis e/ou ideais acachapantes de casamento, amor, sucesso ou felicidade, é a figura cruel do Superego.
E o homen segue buscando e bancando sua angústia...
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